Quadrinize! A Revista de quem faz Quadrinhos

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Quadrinize

Alguns acompanharam o angustiante parto dessa revista. Pois ei-la! Todinha sua.

Quadrinize! é uma revista que não vai te ensinar fórmulas mágicas, não vai te dar nenhuma revelação divina e nem responder os maiores mistérios dos quadrinhos. Não vai te tornar profissional. Nem lembro mais porque você devia ler…

Ah, sim! Vai esclarecer pontos, faze-lo questionar outros, derrubar conceitos que só atrapalham e lhe dar algumas informações e indicações de qual caminho seguir para escrever aquela história que vale a pena ser lida. Nada de mais.

São 24 páginas de textos sobre a criação de uma história, mas não pára por aí. A revista impressa é apenas a introdução aos conceitos que serão abordados na revista eletronica gratuita. É um suplemento com material exclusivo, que não será publicado no site. Trará aquilo que, para alguns, pode ser a grande mudança de mentalidade quanto autor de quadrinhos.

Em suma, a Quadrinize! é a versão oficial, bombada e mais alucinada deste blog maledito (exceto pelo último post, que é totalmente maluquice; sério, não leia xD). Este blog continuará existindo, porém como a versão underground da revista, o porão da casa onde ficará a bagunça maior.

Chega de conversa fiada e corra com o mouse no link abaixo. Compre já a sua! Se não lhe acrescentar em nada em seu trabalho com quadrinhos, não devolvo o dinheiro mas a Amanda lhe manda um beijinho de consolo.

Quem é Amanda? Ora, leia a Quadrinize! e descubra.

Essa edição é sobre:

Roteiro: Sobre o que os leitores querem ler?
Personagens: Reais, Convincentes e Humanos
Produção: O Segredo para jamais desistir
Ambientação: A diferença entre cenário e ambiente
Formas de Publicar: Os dois principais meios de distribuição
Especial: Ulisses Perez dá dicas para você montar seu portifólio

Clica aí e compre a Quadrinize!

11 Dicas de Ambientação Para Roteiristas

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A Kadath de H. P. Lovecraft

Continuamos nossa saga abordando a ambientação, um dos principais elementos de qualquer narrativa. Esta é uma série de artigos visando dar a devida importência ao assunto, sendo que muitos ainda dedicam pouco tempo a ele. Talvez você queira imprimir essa série, guardar nos favoritos e compartilhar com pessoas que tem o mesmo interesse que você em escrever e contar histórias. Caso ainda não tenha lido o artigo anterior, não deixe de conferir antes de prosseguir a leitura.

Os artigos já publicados são:

1 – O que é Ambientação?

2 – A Pesquisa na Ambientação – Parte 1

3 – 11 Dicas de Ambientação Para Roteiristas

Longe de ser uma lista definitiva, cito alguns princípios e conselhos básicos para se tornar apto a ambientar uma história.

1 – Observe o mundo à sua volta

Como sempre tenho dito acerca dos personagens estarem literalmente ao seu lado, no mundo à sua volta, reforço esse mesmo princípio para a ambientação. Você não pode criar um mundo convincente sem antes conhecer e compreender o mundo em que você mesmo vive.

2 – Questione o mundo em que vive

Normalmente, por ser o mundo onde passamos toda a nossa vida, nos acostumamos a ele e consideramos saber tudo a respeito, quando a verdade é que apenas nos conformamos com as coisas como elas são. Sabe aquelas coisas que você conhece desde que se entende por gente mas nunca parou pra pensar em por que as coisas são assim depois da adolescência? Questione as coisas que parecem óbvias e você não tenha resposta para algumas delas. Por que vivemos em família? Por que  temos que ir à escola? Por que elegemos um presidente? Por que vamos à igreja? Por que precisamos de dinheiro? Por que o céu é azul?

3 – Reinvente o mundo

Depois de dar uma resposta significativa às perguntas sugeridas no tópico anterior, dê respostas diferentes que reinventem o mundo à sua maneira, mas de forma convincente e que possa ser explicada. Ex: Por que o céu é azul? Porque ele é um cenário de TV que foi pintado para enganar você (Show de Truman)

4 – Explore seus sensores

Faz parte da ambientação tudo o que envolve os cinco sentidos. Sons, cores, texturas, gostos, odores. Explore-os nas coisas comuns do seu dia-a-dia. Examine e compreenda o suficiente para reproduzi-los com exatidão em suas páginas quando for necessário.

5 – Estude outras culturas

A maioria dos autores de ficção utilizam diversas culturas e as recriam. Para isso, não basta um estereótipo cultural, como simplesmente colocar roupas ou arquitetura características ou você acabará por ser incoerente. Estude a fundo as origens dos costumes, as etapas do desenvolvimento, o pensamento, a filosofia, a religião, economia e sociedade locais. Só observando o conjunto é que os elementos individualmente farão sentido. Saiba criar essas dependencias nas suas histórias.

6 – Estude arquitetura

Não precisa ter um diploma, mas uma noção básica ajuda a não confundir o modelo islâmico com mourisco, gótico com bizantino e modernista com futurista. Ajudará você a decidir onde ficará a porta de entrada, as janelas, o banheiro… pois tudo deve ser planejado e nada é aleatório. Te dará maior noção de formatos e estrutura, suficiente para você não fazer todas as casas iguaizinhas. Por fim, te impedirá de desenhar uma casa impossível de ficar em pé. Em minha história Grayest Days, retrato uma cidade fictícia onde parte da arquitetura foi um reflexo da Gründerzeit alemã, o período pós-revolução industrial, e parte baseado em Veneza. Isso define certas regras que precisam ser seguidas sempre que traçar o design de um prédio, loja ou casa e determina o “clima” visual da cidade.

7 – Estude design de interiores

Não é coisa de mulher. Isso lhe facilitará muito a criar o ambiente familiar dos personagens da história. Muito do estilo de vida e classe social pode ser retratado no design. É um conhecimento valioso se bem aproveitado.

8 – Explore diferentes etnias

É muito comum autores inexperientes padronizarem a etnia dos personagens ou até mesmo o tipo físico – todos altos, de olhos azuis e cabelos lisos. Diversificação racial faz parte da ambientação da história. Em minha HQ Grayest Days,  os habitantes são essencialmente descendentes de alemães, ingleses e italianos, e tudo isso influencia no rumo em que a história toma.

9 – Não tente ser um novo Tolkien

Muitos autores, principalmente de Fantasia e Ficção Científica procuram criar uma ambientação extremamente detalhada, incluindo idiomas artificiais, mapas, políticas complexas, mitologia recheada de deuses, espíritos, templos e fiéis, culturas com minuciosas descrições e mais um amontoado de pormenores que deixam a história em segundo plano. Se você não tem experiencia o suficiente e se sua história não exige tal nível de detalhes, não se aventure a criar uma ambientação que levará anos para ser conluída. A história é sempre mais importante. H. P. Lovecraft criou um universo consiso, incluindo um panteão de deuses, culturas estranhas e idiomas obscuros e até um suposto livro de ocultismo de forma bem simplificada, evitando detalhes que tornariam suas novelas infindáveis, sempre focando no horror, tema de suas histórias.

10 – Aprenda a descrever sem ser chato

Faça exercícios de descrição. Descreva sua casa, sua rua, sua escola. E tente ser agradével, leve, sutil e divertido. Faça uma abordagem criativa, inusitada. Peça para pessoas lerem e procure saber se a leitura foi cansativa ou interessante.

11 – Estereótipos – use com moderação

Os estereótipos estão aí para serem usados. Eles trazem uma rápida associação ao leitor àquilo que você quer representar. Mas não abuse e não se limite a eles, principalmente quando se trata de uma cultura estrangeira. Lembre-se que o inusitado sempre é um ótimo remédio contra o clichê.

Estes são alguns passos para você se preparar e treinar antes de começar a ambientar sua história. Sabe de algo que ficou faltando aqui? Enriqueça essa lista através dos comentários e partilhe de minha fama, glória e meu marmitex de 1 real no almoço xD

A Pesquisa na Ambientação – Parte 1

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Ambientação

Continuamos nossa saga abordando a ambientação, um dos principais elementos de qualquer narrativa. Esta é uma série de artigos visando dar a devida importência ao assunto, sendo que muitos ainda dedicam pouco tempo a ele. Talvez você queira imprimir essa série, guardar nos favoritos e compartilhar com pessoas que tem o mesmo interesse que você em escrever e contar histórias. Caso ainda não tenha lido o artigo anterior, não deixe de conferir antes de prosseguir a leitura.

Os artigos já publicados são:

1 – O que é Ambientação?

2 – A Pesquisa na Ambientação – Parte 1

3 – 11 Dicas de Ambientação Para Roteiristas

Hoje vamos falar porquê tanta gente comete sempre os mesmos erros. Tudo o que precisamos é entender como funciona nossa mente criativa e aquilo que chamamos de “mente intuitiva“. Falemos também um pouco sobre a ambientação dentro de gêneros específicos, usando a fantasia como exemplo.

“Mente intuitiva” é quando você pergunta ao autor suas referências, inspirações, seu processo criativo, enfim, de onde ele tirou as idéias e ele responde “eu não sei, foi intuitivo”. Se ele não estiver mentindo, isso normalmente significa o seguinte: ele copiou de algum lugar sem perceber.

Explico. Quando assistimos muitos filmes, séries, animes, novelas – o que for – do mesmo gênero, acabamos por assimilar certas convenções.

Por exemplo, quando vemos muitos filmes/desenhos de fantasia, acabamos por gravar em nosso inconsciente o lugar-comum dessas histórias: os elfos com arco-e-flecha, os honrados cavaleiros de capa e espada, os magos com chapéus pontudos, os artefatos mágicos, a floresta amaldiçoada, a caverna do dragão, o pântano da solidão, a profecia, o escolhido… acabamos por assimilar e nos acostumar com esses elementos, mas não o compreendemos. Então, o pretenso escritor parte para a jornada de ambientar sua obra e usa todos esses elementos; afinal, para ele, para uma história ser de fantasia é necessário colocar aquilo que ele viu em outras histórias de fantasia. E isso será o suficiente.

É exatamente esse processo o maior culpado pelos clichês mundo afora.

Para criar uma história de fantasia – ou qualquer outro gênero – precisamos ir até o mais próximo da origem dos seus elementos para assim captarmos o significado deles. Não pensem que é aleatório ou que os autores escrevem sobre essas coisas porque é legal. Tudo é simbólico. Tudo tem um significado. E apenas clonar os elementos por si só, apenas pela estética, é arranhar a superfície do gênero. Em outros termos, é ser superficial e nada criativo.

Mas quando vamos até a fonte, a mesma que inspirou nossos autores favoritos, e inspirou os autores que inspiraram nossos autores favoritos e compreendemos esses elementos, nós decodificamos o gênero. Quando decodificamos o gênero, temos a possibilidade e liberdade necessária para fazermos o que quisermos com ele. O limite é nossa própria habilidade. É assim que surgem os que reinventam gêneros.

Um exemplo de uma história que reinventou a fantasia? Star Wars. Aquilo é fantasia disfarçada de ficção científica, todos os elementos da fantasia estão lá. O escolhido, o paladino da justiça, o sábio profeta/mestre, os poderes místicos, os mestres da espada, criaturas fantásticas, a princesa, o plebeu, o mago, o rei tirano, o “castelo-forte”.  Mas isso apenas foi possível porque George Lucas, aprendiz que foi de Joseph Campbell, foi capaz de capturar a essência dos elementos da fantasia e transportá-los para um cenário futurista. Além do mais, Star Wars carrega todo o significado simbólico que poderia em cada elemento, cada tijolo da ambientação. Apenas os que tem total consciência do que estão fazendo, os que conheçem bem a linguagem desde a fonte, são capazes de fazer isto.

Ir até a fonte de algum gênero é complicado, leva tempo e exige muita pesquisa. Mas se você for apaixonado pelo tema valerá a pena. Além do mais, o que você prefere? Escrever uma história cheia de clichês que apenas veste uma roupa superficial e aparente do gênero que você escolheu ou capturar a essência dos lugares-comuns, reinventar e contar uma história recheada de significado e novidade?

O que é Ambientação?

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Ambientação

Iniciamos nossa saga abordando a ambientação, um dos principais elementos de qualquer narrativa. Esta é uma série de artigos visando dar a devida importência ao assunto, sendo que muitos ainda dedicam pouco tempo a ele. Talvez você queira imprimir essa série, guardar nos favoritos e compartilhar com pessoas que tem o mesmo interesse que você em escrever e contar histórias.

Os artigos já publicados são:

1 – O que é Ambientação?

2 – A Pesquisa na Ambientação – Parte 1

3 – 11 Dicas de Ambientação Para Roteiristas

Muitos se complicam na hora de definir e descrever onde a história se passa. Outros deixam de lado e dão pouca importancia a ela. Muitos ainda ambientam suas histórias de forma desleixada e nada convincente. A Ambientação tem se tornado um sério problema entre os autores nacionais e os fanzineiros afoitos.

Mas o que é exatamente ambientação? É o cenário? É o lugar?

A palavra vem de ambiente. Vamos ver o que nossa grande amiga Wikipédia tem a dizer sobre isso:

“Em geral, o ambiente consiste no conjunto das substâncias, circunstâncias ou condições em que existe determinado objeto ou em que ocorre determinada ação. Este termo tem significados especializados em diferentes contextos: Biologia, Política e Geografia”.

OMG!, você diz, Então eu tenho que criar tudo issoooo? DDDD: T____T

Sim xD

Normalmente os iniciantes – e alguns profissionais também – se lembram apenas da questão geográfica e se esquecem de que a biologia e política também influenciam na vida das pessoas. Eu acrescentaria ainda a Sociedade, que determina qual é o status quo do comportamento geral das pessoas que cercam os personagens da  história.

Ambientação não é um cenário. Um cenário é simplesmente uma informação visual sobre o lugar. As vezes funciona bem, mas para uma história com uma certa profundidade, não é suficiente. Uma história deve ser uma simulação de uma experiência sensorial, portanto, precisa do máximo de dados para que uma “realidade” seja construída na mente do leitor.

Por isso, ao invés de cenário, fazemos uma ambientação. Ela se responsabiliza por dar credibilidade ao seu mundo e torna-lo crível a ponto do leitor achar que pode caminhar por ele. Ainda mais, se você fizer certinho, o leitor poderá até mesmo andar por lugares que não apareceram nas páginas!

Um exemplo de ambientação bem detalhada é a de Watchmen. Alan Moore criou detalhes tão mínimos que até a história do fundador da lanchonete Gunga Dinner é especificada no roteiro. Ele era um indiano que migrou para os EUA na década de 60 por causa da fome em seu país.

Quando planejamos um ambiente com sua biologia, política e geografia, poupamos muitas dores de cabeça na hora de escrever o roteiro. Isso porque com a ambientação definida, ao “passear com a câmera” pelo seu mundo, você já sabe o que tem lá. Você simplesmente visualisa aquilo que já criou e descreve para o desenhista.

Esse processo também facilita a vida de quem vai ler o roteiro, ou seja, o ilustrador. Com riquezas de detalhes que apenas uma ambientação bem desenvolvida pode gerar, o desenhista terá muito mais condições de criar gráficos convincentes e verossíveis para sua HQ.

Mas claro que nem tudo são flores. Ambientar é complexo e trabalhoso, e exigirá tempo e paciência.

Nos próximos posts vamos abordar os perigos da ambientação e um caminho para fazer a coisa certa.