Ambientação

Iniciamos nossa saga abordando a ambientação, um dos principais elementos de qualquer narrativa. Esta é uma série de artigos visando dar a devida importência ao assunto, sendo que muitos ainda dedicam pouco tempo a ele. Talvez você queira imprimir essa série, guardar nos favoritos e compartilhar com pessoas que tem o mesmo interesse que você em escrever e contar histórias.

Os artigos já publicados são:

1 – O que é Ambientação?

2 – A Pesquisa na Ambientação – Parte 1

3 – 11 Dicas de Ambientação Para Roteiristas

Muitos se complicam na hora de definir e descrever onde a história se passa. Outros deixam de lado e dão pouca importancia a ela. Muitos ainda ambientam suas histórias de forma desleixada e nada convincente. A Ambientação tem se tornado um sério problema entre os autores nacionais e os fanzineiros afoitos.

Mas o que é exatamente ambientação? É o cenário? É o lugar?

A palavra vem de ambiente. Vamos ver o que nossa grande amiga Wikipédia tem a dizer sobre isso:

“Em geral, o ambiente consiste no conjunto das substâncias, circunstâncias ou condições em que existe determinado objeto ou em que ocorre determinada ação. Este termo tem significados especializados em diferentes contextos: Biologia, Política e Geografia”.

OMG!, você diz, Então eu tenho que criar tudo issoooo? DDDD: T____T

Sim xD

Normalmente os iniciantes – e alguns profissionais também – se lembram apenas da questão geográfica e se esquecem de que a biologia e política também influenciam na vida das pessoas. Eu acrescentaria ainda a Sociedade, que determina qual é o status quo do comportamento geral das pessoas que cercam os personagens da  história.

Ambientação não é um cenário. Um cenário é simplesmente uma informação visual sobre o lugar. As vezes funciona bem, mas para uma história com uma certa profundidade, não é suficiente. Uma história deve ser uma simulação de uma experiência sensorial, portanto, precisa do máximo de dados para que uma “realidade” seja construída na mente do leitor.

Por isso, ao invés de cenário, fazemos uma ambientação. Ela se responsabiliza por dar credibilidade ao seu mundo e torna-lo crível a ponto do leitor achar que pode caminhar por ele. Ainda mais, se você fizer certinho, o leitor poderá até mesmo andar por lugares que não apareceram nas páginas!

Um exemplo de ambientação bem detalhada é a de Watchmen. Alan Moore criou detalhes tão mínimos que até a história do fundador da lanchonete Gunga Dinner é especificada no roteiro. Ele era um indiano que migrou para os EUA na década de 60 por causa da fome em seu país.

Quando planejamos um ambiente com sua biologia, política e geografia, poupamos muitas dores de cabeça na hora de escrever o roteiro. Isso porque com a ambientação definida, ao “passear com a câmera” pelo seu mundo, você já sabe o que tem lá. Você simplesmente visualisa aquilo que já criou e descreve para o desenhista.

Esse processo também facilita a vida de quem vai ler o roteiro, ou seja, o ilustrador. Com riquezas de detalhes que apenas uma ambientação bem desenvolvida pode gerar, o desenhista terá muito mais condições de criar gráficos convincentes e verossíveis para sua HQ.

Mas claro que nem tudo são flores. Ambientar é complexo e trabalhoso, e exigirá tempo e paciência.

Nos próximos posts vamos abordar os perigos da ambientação e um caminho para fazer a coisa certa.