Antes de abrir o seu editor de texto para escrever uma história, antes de sair criando personagens e inventando nomes de golpes poderosos, é preciso ter algo a dizer. Você precisa de algo que saia de dentro de você e vá pra dentro do leitor (sem sentido ambíguo). Algo que conecte vocês.
Ok, pra não ficar muito esotérico, você precisa ter uma mensagem para o mundo. Não uma lição de moral, como os desenhos americanos antigos. Você não precisa, nem deveria dizer “isso é certo, isso é errado”. Mas pode mostrar aquilo que você aprendeu na sua vivência a respeito da vida, do mundo, da sociedade em que vive – em que vive, não a do outro lado do mundo, se é que me entende. O porque você acha que está nesse mundo.
Segundo Joseph Campbell, autor do Mito do Herói, toda História, todo mito, possui um herói que realiza uma série de proezas, sejam físicas ou espirituais, encontrando respostas que a humanidade está sempre buscando. Quem somos, de onde viemos, para que viemos, para onde vamos? Os mitos, mesmo de forma inconsciente, procuram responder isso. Não de modo arrogante ou religioso, dizendo “eu sei, leia isto, aqui está a resposta”. Mas apresentar uma VISÃO, a sua interpretação da vida, como você vê o mundo. É basicamente o leitor pegar os seus olhos e enxergar a vida com eles.
Claro que pra isso, é preciso viver. O que é viver? Isso você tem que descobrir. Seja você mesmo, se liberte das amarras que te prendem a um conceito ou preceito limitador, quebre o muro, descubra novos horizontes, seja honesto e sincero consigo mesmo e com os outros.
Aceite a aventura da vida.
Não se esconda, não fuja, encare a si mesmo.
Querendo ou não, é verdade. Histórias não são apenas entretenimento. São o reflexo das necessidades de uma sociedade. Mesmo as histórias de hoje em dia. E os autores atuais, apesar de todo o capitalismo e espetáculo, principalmente no cinema, sabem disso. Por trás de todo entretenimento barato, há essa noção que é a base das escolas de arte, seja qual for a mídia. Como Campbell diz, os mitos existem pra nos fazer pensar, entender verdades que só podem ser expressadas simbolicamente. Ou, como diz o grande professor de roteiro Robert McKee, as histórias são uma metáfora para a vida.
Só tendo algo a dizer, algo que vá de encontro à necessidade humana, uma história pode verdadeiramente encantar e cativar multidões.
DarkDenis
Jan 12, 2010 @ 04:45:30
Cara, isso me veio em otima hora.
Numa critica mais nova que recebi, disseram que me falta exatamente isso.
mas na hora fiquei um pouco confuso pq foi bem direto, entao alguns sentidos vagaram na minha mente e resolvi vir no blog.
obrigado e continue com o bom trabalho o/
Rafael Chrestani
Jan 22, 2010 @ 12:49:55
Olá. Otimas dicas!! É por essas que não gosto muito das historias de Frank Miller e Allan Moore. No entanto quando nos deparamos com historias de Eisner e Craig Thompson vemos como podemos mudar o mundo atraves das HQs. Sou desenhista e estou produzindo uma HQ com tematicas da vida sofrida,que ocorreu comigo e com meus parentes. Nela tbm se encontra uma tematica da filosofia espirita da qual faço parte. Obrigado Abraços Fraternos…
Abismo Infinito
Jan 24, 2010 @ 23:38:16
Isso, aparentemente, depende do leitor também. Pois ambos autores que você citou sempre dizem algo. Principalmente o barbudo ingles. Se você não sacou, são outros quinhentos.
Não confunda “algo a dizer” com “pregação” ou “lição de vida”, por favor.
Bruno Renan de Souza
Out 06, 2010 @ 14:23:56
Olá parabéns pelo trabalho…
eu adorei o asundo que foi abordado e esta me ajudando muito na hora de comessar meus quadrinhos (que por enquanto são só fanzines, valeu mesmo!